sexta-feira, 16 de março de 2012

AGUDOS/SP




No Carnaval deste ano, fui viajar com minha namorada e alguns amigos para a cidade de Valinhos (interior de São Paulo). Chegando lá, logo fomos a uma adega indicada pelo meu cunhado, com uma latinha de Brahma na mão (a qual haviámos levado de Santos dentro de uma frasqueira), logo que entramos, o atendente Róbson nos perguntou de onde estávamos vindo e nos indagou de onde era aquela latinha, surpresos, dissemos que a latinha era nossa e ela veio de Santos. Prontamente ele pegou a lata, olhou embaixo e disse que aquilo não era cerveja e a jogou no lixo!

Ainda dissemos que era Brahma como outra qualquer, assim como as que ele vendia na sua adega, ledo engano!

Ele foi em uma de suas geladeiras e nos presenteou com uma latinha de Brahma "aparentemente" igual a nossa, mas ao abrirmos e engerir o líquido sagrado tivemos uma ótima e agradável surpresa.

O sabor era muito, mas muito melhor que o da "nossa" latinha, descia redonda, mais leve, enfim, era realmente outra cerveja.

Resposta?

A água era de Agudos, uma cidade do interior Paulista, lá existe uma filial muito importante da Ambev e produz cerveja para ser distribuída no interior de São Paulo.

Até o preço do engradado de garrafas Brahma de Agudos é mais caro em relação ao da Brahma normal.

Nosso amigo Róbson (Kebec Adegas) disse que a lata que levamos continha água de Minas Gerais, ou de uma cidade diferente de Agudos e nos mostrou o segredo.

Embaixo das latinhas, existe toda a estampa dos lotes, data de fabricação e demais informações, e lá também está estampada a cidade onde a cerveja foi fabricada ou envasada e ali esta a grande sigla que fazia toda diferença: AG.

Nosso Carnaval foi muito bom, feliz e com bastante Brahma, mas pena que era do tipo "normal", pois na adega do Róbson já tinha "secado" todo o estoque de garrafas de Agudos.

Na tampinha da garrafa de 600ml, também é possível saber a origem, basta olhar com atenção as pequenas letras na borda.




Acho que todos já se depararam com essa situação não é?

Que o gosto e qualidade da cerveja varia muito de um lugar pro outro, confesso que já desconfiava disso, mas agora é fato.

Toda água é igual?

Devemos lembrar que a composição química da água varia, a água não é igual e toda água tem um gosto diferenciado. Isto pode ser verificado , quando são feitas cervejas iguais, com a mesma matéria prima, mesma receita, mas com águas de regiões diferentes (composição físico-químicas diferentes), podem sair próximas, mas nunca iguais.

Constituindo entre 90 a 95 por cento de uma cerveja, a água é um elemento essencial no processo de fabricação desta bebida. No passado, as características minerais da água influenciavam grandemente o sabor final de uma cerveja, fato que dependia também da região do mundo que essa água e cerveja provinham. Hoje em dia, quase todos os tipos de água podem ser quimicamente ajustados por forma a se obter o estilo de cerveja desejado, apesar de, preferencialmente, a água totalmente natural ser ainda a mais procurada. Em termos gerais, a água para produção de cervejas deve possuir as seguintes características:


Os gaúchos em geral elegem a Polar, paulistas preferem Skol, enquanto que o Rio bebe Antarctica e adota a Itaipava, que antigamente era detestada, hoje em dia tem assustado a Ambev. Schincariol domina o Nordeste, assim como a Skol tem bastante força em alguns lugares também.

A fonte estratégica de informações para a ação de vendas são os dados de pesquisa. A se considerar os três maiores mercados no Brasil por valor - Grande São Paulo, interior do Estado de São Paulo e Rio de Janeiro - as preferências são distintas. Na embalagem clássica, que é a garrafa de 600 ml, pelos dados Nielsen referentes à janeiro de 2011, os paulistanos dão liderança à Skol, uma marca que já foi a preferida dos cariocas. Já a turma do interior do Estado escolhe a Brahma. No Rio, a líder com mais de 10 pontos porcentuais à frente da segunda colocada é a Antarctica.

Está explicado porque os paulistas do interior elegeram a Brahma como a cerveja de sua preferência.

Pode ser Skol também, visto que a antiga Brahma foi incorporada pela Ambev e na planta industrial de Agudos são fabricadas várias marcas de cerveja da empresa. É a água de Agudos que determina a qualidade da cerveja.

E lembre-se, tem que ter o AG embaixo da latinha.

HISTÓRIA

A Brahma de Agudos nasceu da antiga Companhia Paulista de Cerveja Vienenses em 1951. Conta-se que o Barão Von Markhoff , descendente de antiga família de cervejeiros austríacos, estava a procura de um local para instalar uma cervejaria no Brasil e escolheu Agudos pela qualidade da água do Rio Pelintra. Ainda na década de 50 a Vienenses foi incorporada pela Brahma. E esta mais tarde passou a  fazer parte do grupo Ambev.
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Um comentário:

  1. Sr. Carlos,
    Não sou grande conhecedor, mas falei com um Mestre Cervejeiro daqui de Curitiba e ele afirmou que a água é diferente, mas... passa por vários filtros até chegar a pureza total. o que ele falou é que... ao transportar, armazenas a cerveja, isso faz com que mude o gosto. Imagine que em baixo de uma lona de caminhão a temperatura passa dos 70 graus, isso faz com que haja um novo processo de fermentação da cerveja, armazenar em um galpão, tantos fatores. Sabe aquela história de colocar a cerveja na geladeira e tirar, depois fazer o mesmo processo, então. Na minha opinião é a suposição mais correta para a mudança de gosto das cervejas e seus respectivos lugares.
    Atenciosamente
    Junior Lopes

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